Rui Costa e Haddad assumem negociações com Congresso para destravar emendas e pacote fiscal

247 - Com o presidente Lula (PT) internado até a próxima semana por recomendação médica após uma cirurgia de emergência, o governo brasileiro reorganiza sua estrutura para enfrentar um momento importante de negociações com o Congresso. A internação ocorre em meio a tensões políticas envolvendo a liberação de emendas parlamentares e a tramitação do pacote de ajuste fiscal, relata o jornal O Globo.

Embora os médicos tenham descartado a necessidade de afastamento formal, recomendaram repouso absoluto ao presidente, orientando que não seja incomodado com questões governamentais. Diante disso, o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e ministros estratégicos assumiram a condução dos principais temas da gestão federal.

Articulações e agendas estratégicas - A internação de Lula aconteceu logo após uma reunião com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre o impasse nas emendas parlamentares. Com a ausência do presidente, os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda) intensificaram as negociações para destravar votações essenciais.

Na segunda-feira (9), após Lula deixar a reunião devido ao mal-estar, Rui Costa continuou as tratativas. No mesmo dia, Haddad encontrou-se com líderes do Senado na residência oficial de Pacheco, buscando acordos para viabilizar o pacote de ajuste fiscal. Ele também assinou uma portaria liberando emendas parlamentares anteriormente bloqueadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mediante novas exigências de transparência.

Fontes próximas ao governo afirmam que Lula tem delegado cada vez mais responsabilidades a Haddad, apontado como possível sucessor na corrida presidencial de 2026. A avaliação é que o ministro da Fazenda vem sendo preparado para disputar o cargo, embora o PT negue trabalhar com um “plano B” caso Lula decida não concorrer à reeleição.

Enquanto isso, Alckmin retornou às pressas de São Paulo para assumir compromissos oficiais. Ele participou da recepção ao primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, em Brasília, mas cometeu uma gafe ao confundir o país com a extinta Iugoslávia.

Outros eventos presidenciais foram adiados. A entrega do Selo Nacional de Compromisso com a Alfabetização, prevista para esta semana, foi remarcada. A reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, popularmente conhecido como “Conselhão”, também foi postergada sem nova data definida.

Impasse na reforma ministerial - Apesar das intensas articulações conduzidas pelos ministros, a discussão sobre uma eventual reforma ministerial foi suspensa até o retorno de Lula. O presidente já havia sinalizado a intenção de fazer “correções necessárias” na comunicação governamental, mas nenhuma decisão definitiva foi tomada.