PGR aguarda PF e Gonet pode oferecer 'pacote de denúncias' contra Bolsonaro
Gonet espera a finalização do ‘inquérito do golpe’ para analisar o “filme completo” e decidir sobre as denúncias contra Bolsonaro, neste e em outros casos
247 - A Procuradoria-Geral da República (PGR), sob a liderança do procurador-geral Paulo Gonet, adota uma postura de espera estratégica enquanto a Polícia Federal (PF) finaliza o relatório do chamado "inquérito do golpe", que pode incluir o indiciamento de Jair Bolsonaro (PL) por conspiração para impedir a posse do presidente Lula (PT). Segundo Malu Gaspar, do jornal O Globo, Gonet aguarda a conclusão desse inquérito para decidir sobre uma espécie de 'pacote de denúncias' que incluiria acusações não apenas nesse caso, mas em outras investigações em que Bolsonaro é alvo, como as suspeitas de fraude na carteira de vacinação e o caso das joias sauditas.
A estratégia de aguardar o relatório completo da PF reflete a intenção de Gonet em evitar pressões políticas, especialmente após as eleições municipais. Antes da votação, era consenso dentro da PGR que qualquer denúncia contra Bolsonaro deveria ser postergada para evitar suspeitas de interferência política. Agora, no entanto, Gonet parece preferir consolidar todas as provas reunidas pela PF para analisar "o filme completo" e, assim, obter uma visão abrangente antes de formular acusações.
No caso das joias sauditas e da carteira de vacinação, a PF já havia concluído pela necessidade de indiciamento de Bolsonaro. No entanto, Gonet solicitou novos esclarecimentos sobre pontos específicos das investigações, adotando uma postura que visa cobrir possíveis lacunas e garantir a robustez dos indiciamentos. Especificamente sobre a suspeita de fraude no certificado de vacinação, o procurador-geral pediu à PF para verificar se Bolsonaro apresentou algum certificado de imunização contra a Covid-19 ao entrar nos Estados Unidos em dezembro de 2022. Documentos enviados pelo Departamento de Justiça dos EUA ao Ministério da Justiça brasileiro indicaram que as autoridades americanas não registraram declaração de vacina por parte de Bolsonaro, o que é visto por seus aliados como um argumento de defesa.
Um ponto crucial no avanço das investigações foi o acordo de delação premiada firmado com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid. Cid revelou que recebeu ordens para inserir dados falsos de vacinação no sistema, mencionando o próprio Bolsonaro e a filha entre os beneficiados pela fraude. Sua colaboração é tida como peça-chave para a PF no desenvolvimento do inquérito, fornecendo detalhes que elucidam os bastidores das ações durante a reta final do governo Bolsonaro.
A expectativa na PF é que o relatório final sobre o inquérito do golpe seja concluído ainda neste ano e que o documento sugira indiciamentos por crimes graves, como tentativa de golpe de Estado, associação criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Se essas acusações se confirmarem, Bolsonaro poderá enfrentar penas que totalizam até 28 anos de prisão. Ainda assim, os advogados do ex-presidente e seu círculo de aliados mantêm esperança de que ele consiga evitar uma acusação formal, especialmente no caso do suposto esquema de fraude no registro de vacinação.
Nos corredores da PGR, Gonet é visto como um procurador centralizador, que lida com cuidado redobrado em casos de alta visibilidade política. Sua metodologia, pouco compartilhada com subordinados, é marcada pela prudência em um cenário politicamente sensível. Entretanto, a comunidade jurídica e política aguarda com grande expectativa uma definição da PGR, seja pela formalização das denúncias, seja pela solicitação de novos dados que fortaleçam o material probatório.
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