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Após presidência da Câmara, Lira se dedica a candidatura ao Senado

Ex-presidente da Câmara tem feito encontros com prefeitos e prometido estar mais próximo de sua base eleitoral, de olho em uma cadeira no Senado

Arthur Lira (Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados)

247 - Após quatro anos no comando da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) tem se dedicado a uma nova etapa de sua trajetória política: a construção de sua candidatura ao Senado em 2026. De acordo com informações do jornal O Globo, o ex-presidente da Casa tem concentrado esforços em Alagoas, buscando apoio entre prefeitos e lideranças locais. Paralelamente, Lira se distancia cada vez mais da possibilidade de assumir um ministério no governo do presidente Lula (PT).

A estratégia de Lira para 2026 passa por um fortalecimento de sua base eleitoral em Alagoas. No início de fevereiro, ele realizou dois encontros com prefeitos e aliados na Fazenda Santa Maria, em São Sebastião (AL), a 130 km de Maceió. Entre os participantes estavam políticos do seu partido, o PP, e de siglas adversárias, como o MDB, de Renan Calheiros, seu principal rival no estado.

Há um grupo de cerca de 15 prefeitos emedebistas que apoiam o mandato de Lira na Câmara e que demonstram inclinação a seguir com ele em uma eventual candidatura ao Senado. O deputado, porém, tem evitado anunciar oficialmente seus planos, mantendo um discurso cauteloso.

"O resumo é que Lira disse: 'estamos juntos e conto com vocês. Não temos nenhuma posição definida, mas, quando for oportuno, vou conversar com vocês'", relatou Gilberto Clemente (MDB), prefeito de São Miguel dos Campos.

Além dessas reuniões, Lira marcou presença em eventos políticos locais, como a cerimônia da Associação dos Municípios de Alagoas e a posse do novo presidente do Tribunal de Justiça do estado, desembargador Fábio José Bittencourt Araújo.

Atuação nacional e negociações partidárias - Mesmo focado na política local, Lira segue influente nos bastidores de Brasília. O PP o designou para conduzir negociações sobre uma possível federação partidária com o União Brasil e o Republicanos, uma missão que encontra obstáculos em disputas regionais. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do partido, chegou a sugerir que Lira assumisse a liderança do bloco, caso a união entre as siglas se concretize.

Nos bastidores da Câmara, ele tem adotado uma postura mais discreta. Seu sucessor na presidência da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem liderado as reuniões com os líderes partidários, enquanto Lira participa apenas de encontros mais restritos. 

Afastamento de cargos e foco no futuro - Apesar do peso que ainda tem na política nacional, Lira tem evitado assumir funções de destaque na Câmara, como a presença em comissões ou a relatoria de projetos relevantes. Segundo aliados, o deputado tem dito que deseja "descansar um pouco das articulações" neste início de ano. No plenário, sua presença tem sido pouco frequente, sem registros de votos ou apresentação de projetos desde que deixou a presidência da Casa.

Apesar disso, ele segue despachando de seu novo gabinete, localizado no prédio principal da Câmara. O espaço foi reformado especialmente para ele e é mais amplo do que a maioria dos gabinetes, contando até mesmo com banheiro privativo, privilégio raro no Congresso.

Entre os funcionários, comenta-se que Lira tem mantido uma agenda ativa, inclusive em dias em que a Câmara está esvaziada. 

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