MP de São Paulo arquiva investigação sobre propina envolvendo delegado Olim e outros policiais
Apuração sobre suposto pedido de R$ 4,2 milhões a Vinicius Gritzbach foi encerrada por falta de provas, segundo a Promotoria
247 - O Ministério Público de São Paulo arquivou a investigação que apurava denúncias de corrupção envolvendo o deputado estadual Antonio Olim (PP), dois delegados da Polícia Civil e um advogado, todos citados em delação do corretor de imóveis Vinicius Gritzbach. Segundo o jornal O Globo, a Promotoria concluiu que não havia provas suficientes para sustentar a acusação de que os investigados exigiram R$ 4,2 milhões de propina para livrar Gritzbach de um inquérito por lavagem de dinheiro.
A decisão de arquivamento foi tomada em 17 de março deste ano. A apuração havia sido iniciada após Gritzbach, que admitiu atuar na lavagem de dinheiro do tráfico para a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), relatar que fora extorquido por integrantes da Polícia Civil. Em novembro do ano passado, o delator foi assassinado com oito tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Acusações arquivadas por falta de provas - De acordo com o procurador de Justiça Sérgio Turra Sobrane, responsável pela Assessoria de Competência Originária Criminal do MP, a delação de Gritzbach não foi confirmada por outras evidências.
O deputado Olim, um dos principais representantes da Polícia Civil na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), comemorou o encerramento das investigações. “A verdade sempre prevalece. Hoje, a Justiça confirmou o que sempre sustentamos: minha total inocência no chamado caso Gritzbach. Fui alvo de acusações mentirosas, mas, como sempre confiei, a verdade venceu”, declarou em nota.
O conteúdo da delação - Gritzbach havia informado ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que seu então advogado, Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves, teria cobrado R$ 5 milhões para “resolver” sua situação. Deste valor, R$ 800 mil seriam os honorários de Ramsés, e o restante corresponderia à propina supostamente destinada a Olim e aos delegados Fábio Pinheiro Lopes, conhecido como “Fábio Caipira”, e Murilo Roque.
Segundo o delator, Ramsés teria articulado uma reunião entre ele, o deputado Olim, Fábio Caipira e Murilo Roque. Os três negaram qualquer envolvimento. Olim afirmou ter apenas apresentado o advogado ao então diretor do Deic, prática que, segundo ele, faz parte da sua rotina política. O deputado também anexou mensagens trocadas com Ramsés em junho de 2023, nas quais desautorizava o uso de seu nome. No mesmo dia, teria alertado Fábio Caipira para não confiar no advogado. Ramsés, por sua vez, nega que tenha havido qualquer desentendimento com Olim.
A posição dos delegados e do advogado - Fábio Caipira declarou que o Deic nunca concedeu qualquer benefício a Gritzbach. "A investigação envolvendo Gritzbach foi realizada dentro da mais estrita legalidade. Dessa forma, ou Gritzbach deliberadamente faltou com a verdade para obter vantagens em seu acordo de delação premiada, ou foi enganado pelo mencionado advogado", disse, em nota anterior ao afastamento.
Já o delegado Murilo Roque, atualmente lotado no 3º Distrito Policial de São Bernardo do Campo, declarou que jamais se encontrou com o delator. "O que o Vinicius falou é mentira. Ainda estou trabalhando no mesmo inquérito, inclusive junto com o pessoal do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo). O Vinicius tinha cinco advogados. Em razão desse nome não ser um nome comum, me lembro. Mas nunca me reuni com ele. Falar, até papagaio fala".
Ramsés também se defendeu das acusações, afirmando ser “absolutamente contrário a esse tipo de procedimento”. Ele negou qualquer envolvimento com pagamentos de propina e disse desconhecer a autoria de um áudio anexado ao processo, no qual é mencionada a suposta necessidade de completar um pagamento no “rabo do Deic”, com destinação a um escrivão identificado como Carlos.
Histórico dos citados - Antonio Olim, além de deputado, é delegado licenciado da Polícia Civil e atualmente exerce seu terceiro mandato na Alesp, onde lidera a bancada do PP. Em 2022, chegou a ser cogitado para ocupar o cargo de secretário-adjunto da Segurança Pública, mas não foi nomeado.
Fábio Caipira, por sua vez, assumiu a chefia do Deic em 2022, após ter comandado o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Já Murilo Roque estava na titularidade do 24º Distrito Policial de São Paulo na época em que os fatos delatados teriam ocorrido.
Com o arquivamento do inquérito, a Promotoria encerra oficialmente a investigação contra os quatro mencionados por Vinicius Gritzbach, morto antes de ver o desfecho de sua colaboração com a Justiça.
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