Padres, bispos e diáconos levarão manifesto contra PL antiaborto ao papa Francisco
Coletivo Padres da Caminhada classifica o PL como como "vingança social" e afirma que a medida "acarreta a grave consequência de penalizar as mulheres pobres"
247 - O coletivo Padres da Caminhada, formado por padres, bispos e diáconos da Igreja Católica no Brasil, divulgou um manifesto contra o Projeto de Lei 1904/2024, que equipara o aborto após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio. Com mais de 460 signatários, o documento classifica o PL como como “vingança social” e afirma que a medida "acarreta a grave consequência de penalizar as mulheres pobres que não podem sequer usar o sistema público de saúde". Segundo o jornal O Globo, o manifesto será enviado ao papa Francisco.
O projeto, de autoria do deputado bolsonarista Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), busca estabelecer que a interrupção da gravidez após 22 semanas seja considerada um crime de homicídio, impondo penas rigorosas às mulheres, independentemente do motivo do aborto. O projeto estabelece penas maiores para a mulher que realizar o aborto do que para estupradores.
O manifesto dos Padres da Caminhada enfatiza que os religiosos não são favoráveis ao aborto, mas se posicionam contra a substituição de políticas públicas por legislações punitivas. Eles argumentam que tal abordagem não reduzirá o número de abortos, mas apenas aumentará os riscos para a saúde das mulheres, especialmente as mais pobres, que não têm acesso a serviços de saúde adequados.
O manifesto dos Padres da Caminhada contrasta com o posicionamento oficial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que expressou apoio ao PL 1904/2024 sob o argumento de defesa da vida desde a concepção. A CNBB destacou que a proposta visa proteger tanto a mãe quanto o bebê e refuta a ideia de que o projeto seja uma forma de punição às mulheres.
Após uma reação negativa intensa, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) recuou quanto à tramitação acelerada do projeto. Ele anunciou que o texto será debatido por uma comissão específica a partir de agosto, após o recesso parlamentar, evitando um trâmite apressado que poderia desconsiderar discussões sobre o tema.
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