"O Brasil ainda precisa decidir se quer ser protagonista ou coadjuvante no Brics", diz Fabiano Mielniczuk
Para o cientista político Fabiano Mielniczuk, o país está diante de uma encruzilhada entre atuar como líder ou permanecer como aliado no bloco
247 - O Brasil encontra-se em um momento crucial dentro do Brics, bloco que inclui, além do país, Rússia, Índia, China e África do Sul. A cada nova cúpula, o peso e a influência do grupo aumentam, reforçando a discussão sobre a necessidade de uma nova ordem global multipolar, capaz de reduzir a hegemonia do Ocidente. O cientista político Fabiano Mielniczuk, entrevistado pelo jornalista Mario Vitor Santos no programa Forças do Brasil, trouxe uma análise sobre o papel do Brasil no bloco e destacou a necessidade de uma definição mais clara: “O Brasil ainda precisa decidir se quer ser protagonista ou coadjuvante no Brics”.
Para Mielniczuk, a postura do país nas últimas cúpulas ainda reflete uma posição ambígua. “O Brics é uma plataforma potente para que o Brasil amplie suas alianças e diversifique sua economia. Porém, a questão fundamental que ainda se coloca é se o país quer realmente liderar”, avalia o cientista político. Ele enfatiza que o Brasil possui desafios internos, como questões econômicas e dificuldades diplomáticas, que, em sua visão, restringem o potencial de liderança na organização.
O cientista político pontuou ainda que, enquanto alguns membros do Brics têm acelerado suas ações em prol de uma economia sustentável e de uma transição energética, o Brasil enfrenta dilemas sobre o caminho a ser tomado. “Temos uma economia baseada em commodities, e a mudança para uma economia verde é uma demanda crescente dentro do bloco. O Brasil pode e deve liderar essa pauta, mas falta uma decisão estratégica para consolidar essa posição”, destaca.
Segundo Mielniczuk, o crescimento do Brics e a expansão de seus temas de discussão, como sustentabilidade e inovação tecnológica, abrem novas portas para o Brasil, mas também exigem uma postura firme e a busca de acordos sólidos. “O país precisa definir qual será sua contribuição para o bloco. Podemos nos tornar uma potência em energias renováveis, mas isso requer investimento e uma política externa ativa”, ressalta.
Sobre a parceria com a China, maior economia do bloco e principal parceiro comercial do Brasil, Mielniczuk alerta para o risco de uma dependência excessiva. “A relação com a China é fundamental, mas o Brasil precisa diversificar suas parcerias para não cair em um desequilíbrio. É preciso visão estratégica para equilibrar essas relações dentro do bloco”, afirma o cientista político, que defende uma maior autonomia brasileira no cenário internacional.
Fabiano Mielniczuk conclui que, com o fortalecimento do Brics, o Brasil se encontra em uma encruzilhada de definição de seu papel na nova ordem global. Para ele, o país deve decidir se vai adotar uma postura mais ativa e buscar protagonismo ou se continuará ocupando uma posição de apoio. “O Brasil precisa se posicionar de uma vez por todas: ser um líder ou apenas seguir os passos de seus parceiros. Essa é a grande decisão que temos pela frente”, finaliza.
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